10/11/2008 - Folha de Pernambuco"Não vamos ser coniventes""BATER CHAPA será a última alternativa", diz Ferro
Por que o senhor quer ser líder da bancada petista? Tenho quatro mandatos de deputado federal, participei de momentos decisivos, cruciais e dramáticos para a bancada do PT, como vice-líder e líder no ano de 2005, quando aconteceu aquela explosão de denúncias contra os deputados, contra o PT (Mensalão). Fui indicado, inclusive um fato que em muito me honrou, porque contra mim nada pesava e pude fazer um bom combate enfrentando a direita, que tentava destruir o PT. Ser líder do partido sempre é um posto honroso e quero ampliar a participação da nossa bancada política no Governo Federal, na relação com o diretório e executiva nacional e, principalmente, estender uma relação da bancada com os movimentos sociais.
O senhor coloca que foi líder da legenda num dos períodos mais críticos. Mesmo estando num cargo de confiança, tem condições de o líder do PT assumir uma postura menos corporativista e apontar falhas dos correligionários num caso delicado como o do Mensalão? O líder de cada partido tem que ter um compromisso com a verdade, com a Justiça. Se houver problemas, não iremos de maneira alguma acobertar ou ser coniventes com desmandos. O líder não é um protetor incondicional. Agora, temos como tarefa principal coordenar e defender o partido. O PT não é uma construção qualquer. Houve gente no PT que delinqüiu, teve gente delinqüente. Eles pagaram por isso, estão respondendo a processo até hoje, coisas do tipo.
Como está vendo a liderança de Maurício Rands? O Maurício conduziu bem a bancada. Evidentemente, nós fomos ainda um pouco desconsiderados pelo governo. O PT precisa ter mais protagonismo tanto na direção nacional como no governo. Às vezes, digo que o PT tem alguns na bancada com a cabeça de oposição e o corpo de situação. Isso tem que ser trabalhado e discutido. Agora, não é para ficar silencioso e acatar tudo o que vem sem ter uma visão crítica para construir.
Maurício Rands, aliás, chegou ao cargo através de um acordo interno. O senhor tem conhecimento de algum entendimento que venha a favorecer algum dos postulantes? Esse processo de discussão não pode afunilar para um processo eleitoral ou para um consenso de apoiar uma candidatura, que foi o caso da disputa passada. A gente vai exercitar o debate, buscar ouvir os diversos nomes e verificar se há possibilidade de consenso. Isso deve ser buscado como prioridade. O "bater chapa" será a última alternativa.
Quando as prévias ocorrem no PT, o partido costuma sair desgastado. Há esse receio de um desgaste interno? Não. As eleições são naturais. Já aconteceu a disputa de José Dirceu com Vladimir Palmeira no passado. Aconteceram algumas disputas há dois ou três processos passados. Mas, passada a eleição todos se comprometem.
Pelo fato de o PT ser um partido forte dentro da Câmara Federal, outras siglas se envolvem no processo interno de vocês? Há simpatias por alguns nomes, torcida. Só que isso não adianta porque essa é uma questão interna da bancada. Felizmente, não tem nenhuma influência direta.
O fato de pertencer a uma facção minoritária (Movimento PT) o deixa numa posição desfavorecida? Não, porque há um acordo entre nós na bancada de não se deixar contaminar por essa disputa das tendências. Inclusive, nesta eleição a maioria dos candidatos não são do campo majoritário, como foi o Maurício Rands na gestão passada. A idéia é que não se repita outra (vitória) do campo majoritário. De certa forma, haverá uma renovação.
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