sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Pensamento do Clero

Ecologia e Espiritualidade

Rev. Daniel Barbosa, ose (¬)

“E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra. E criou Deus o homem à sua imagem: à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou” (Gn 1:26-27)

“Havendo, pois, o Senhor Deus formado da terra todo o animal do campo, e toda a ave dos céus, os trouxe a Adão, para este ver como lhes chamaria; e tudo o que Adão chamou a toda a alma vivente, isso foi o seu nome” (Gn 2:19)

Para entendermos o que a Bíblia nos fala sobre o cuidado que temos pela natureza, quero denominar de Ecologia e Espiritualidade. Nos textos bíblicos acima citados, percebemos que DEUS nos colocou para que cuidássemos de tudo quanto Ele criou. A Adão lhe foi dado tal responsabilidade de cuidar e dar nomes a todas as criaturas. Deus nos colocou aqui com uma grande missão: Ele nos chamou para sermos Mordomos da natureza.

Portanto, para entendermos sobre Ecologia e Espiritualidade, precisamos ter como ponto de partida o âmbito das relações: os corpos e o cosmo são analisados e interpretados em uma contínua relação que se pressupõe uma interdependência, de forma que supera qualquer forma de hierarquia. Por sua vez, essa interdependência pressupõe uma autonomia.

Então, a questão ecológica nos remete a uma ampla questão, que é a de ver o ser humano como um todo (um ser integral). Não vivemos separados da natureza, mas sim, conectados, interligados com a natureza. Somos natureza e devemos ser, por natureza, ecológicos.

A reflexão e o debate sobre este tema nos mostra claramente que ninguém pode projetar sua vida sem levar em conta que a terra é a casa comum de toda humanidade.

A Espiritualidade requer de nós uma vida com integridade, e esta integridade é alimentada a partir de todas as dimensões da vida. Espiritualidade que se assume, simultaneamente, como parte integrante do ser humano. “Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas” (Efésios 2.10).

Quando Deus nos manda cultivar, cuidar, está claro que implicitamente devemos criar. Este criar para o qual Deus nos chama vai muito mais além do que imaginamos; é o de criar relações políticas, econômicas e sociais.

A vida em ação: Qual será nossa participação neste grandioso projeto de Deus chamado de MUNDO? É bom que cuidemos do cosmo como um lugar para todos, não apenas para alguns.

A Bíblia nos mostra que devemos olhar para a natureza como obra divina e que tudo o que Deus fez é bom (Gn 1.31). A criação, o universo, a natureza são obras de Deus e não nos cabe o direito de propriedade, mas, sim mordomos da natureza.

Nos últimos tempos temos percebido claramente o avançar da degradação ambiental. Em alguns lugares, existem vários elementos da natureza em extinção, em decadência, em desarmonia, como lemos em Romanos 8.21: “... a própria natureza criada será libertada escravidão da decadência em que se encontra”. Neste texto, o apóstolo São Paulo mostra que nosso envolvimento como cristão deve ser o de ter um modo de vida diferenciado, onde nosso lema deve ser o de: guardar, cuidar, cultivar o Jardim.

Por fim, é nossa responsabilidade respeitar a natureza, como Criação. Em síntese, podemos afirmar que tal cuidado é parte integrante de nossa diaconia.

Que Deus nos abençoe!



¬ Rev. Daniel Barbosa, é Diácono Permanente na Diocese do Recife; Secretário Diocesano de Cidadania; Prior da Ordem Evangélica de Santo Estevão Mártir (OSE); Ministro Encarregado da Missão Anglicana Comunidade da Paz, em Paulista-PE; Vice-presidente Nacional do MEP e Assessor Parlamentar do Deputado Federal Fernando Ferro; membro do Setorial de Meio Ambiente do PT/PE. E-mail: revdaniel.ose@ig.com.br.