quinta-feira, 12 de março de 2009

Recife, cidade lendária. Olinda, cidade eterna.


Fernando Ferro*


Hoje, 12 de março, temos uma dupla comemoração em Pernambuco. Trata-se do aniversário de Olinda e Recife, também chamadas de cidades irmãs. Recife comemora seus 472 anos e Olinda, 474. Olinda, a primeira capital do Brasil colônia. Já Recife, centro colonial das idéias libertárias que chegavam de navio no porto mais importante da província. Duas vilas que cresceram e produziram cultura, riquezas e história para o nosso país. Foi em Olinda que Bernardo Vieira de Melo deu o primeiro grito de República do Brasil, no dia 10 de novembro de 1710. Recife foi palco da revolução de 1817, a primeira que instalou um governo republicano nas Américas e imortalizou nomes como Frei Caneca, Cruz Cabugá e Abreu e Lima. Olinda e Recife são irmãs pelo frevo, pelo batuque do maracatu, pela força dos seus artistas e seus intelectuais. Gilberto Freyre, estudando a formação da sociedade pernambucana; Abelardo da Hora, esculpindo os meninos de Rua; Capiba cantando os ares do nosso carnaval; Nelson Ferreira criando melodias; Carlos Pena Filho, fazendo de seus poemas odes às cidades; Manoel Bandeira descobrindo os becos de Recife; Josué de Castro desbravando os mangues e a fome dos homens; Joaquim Cardoso com sua genialidade cartesiana; João Cabral de Melo Neto refazendo os caminhos do Capibaribe; Chico Science dando voz à periferia, Francisco Brennand emanando arte da Várzea; são alguns dos nomes que ajudaram a construir o pensamento brasileiro. Há mais de 8 anos estas cidades, que mantêm seu caráter de luta política, também estão irmanadas pela vontade de seu povo, que rompeu com as grandes oligarquias herdeiras dos engenhos de cana de açúcar, dos fazendeiros escravocratas e elegeu para as prefeituras representantes que traduzem a luta de classes, a conquista da democracia e a consolidação de um projeto político voltado para o social. É premente que as duas cidades também enfrentam problemas inerentes aos grandes centros urbanos brasileiros, a exemplo da violência, do tráfico de drogas, do déficit de moradia, do desemprego. Há um longo caminho de trabalho e construção social pela frente. Saúdo homens e mulheres que vivem, trabalham e amam as duas cidades. Recife, cidade lendária, Olinda, cidade eterna!


* Deputado Federal pelo PT-PE


Fonte: Artigo publicado no jornal Folha de Pernambuco, do dia 12/03/09