sexta-feira, 19 de março de 2010

O mar não está para peixe

Publicado em 19.03.2010, às 05h00
Marília Banholzer

Jorge Guimarães é pescador há 25 anos e mesmo com adversidades não desiste do mar
Foto: Rodrigo Lobo/ JC Imagem
Há dez anos, a gente saía para o mar e trazia 500 quilos de peixe, hoje é um sofrimento para conseguir pegar 50 quilos.” Com essa frase o pescador Jorge Guimarães, 39 anos, resume a situação da atividade da pesca artesanal em Pernambuco. Ele exerce há anos 25 o ofício que aprendeu com o pai, Augusto Guimarães, 62, e que lhe rendeu pele queimada pelo sol, mãos calejadas e um característico cheiro de mar.
Pai e filho saíam para pescar com a irmã de Jorge, Albaniza Guimarães, 41. A parceria no mar se desfez em 2007 quando a pescadora estava prestes a concluir o curso de pedagogia. Formada, ela agora trabalha para o Conselho Pastoral dos Pescadores, uma ONG que trata dos interesses sociais da classe. “O pescador é um excluído. A sociedade tem uma dívida social com esses profissionais. Quando eu era só pescadora não via isso, agora, luto para melhorar a vida dessas pessoas”, desabafa Albaniza.
A reclamação dos pescadores é uma realidade confirmada pela professora Maria Elisabeth de Araújo, que coordena o Grupo de Ictiologia Marinha Tropical do Departamento de Oceanografia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), e há 10 anos estuda a redução na população de peixes pelos 187 quilômetros de extensão do litoral pernambucano.
“Estamos realizando uma pesquisa científica sobre essa redução de peixes e, por isso, posso afirmar que não só diminuiu a quantidade como também o tamanho do que hoje é pescado”, explica a cientista.