Se aprovada, a proposta ruralista para o novo Código Florestal, apresentada ontem (09.06) pelo deputado Aldo Rebelo (PCdoB/SP), poderá provocar, em um cálculo conservador, um aumento de nas emissões brasileiras de CO2 na atmosfera.
O cálculo, resultado de uma estimativa preliminar do Greenpeace e do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), vale somente para a Amazônia e foi feito com base em um dos artigos do novo texto, o que extingue das pequenas propriedades a Reserva Legal, área de mata nativa que, pelo atual Código Florestal, deve ser mantida em qualquer propriedade rural.
A conta: ficam dispensadas de preservar a área de Reserva Legal propriedades com menos de quatro módulos – na média, algo em torno de 400 hectares. Multiplicando este valor pelo número de pequenas propriedades da região, estimado pela própria Confederação Nacional da Agricultura (CNA), perderemos cerca de 30 milhões de hectares protegidos.
O Greenpeace partiu para um cálculo ainda mais conservador. Descontou destas, um terço, considerando que são propriedades que não se encontram sob o registro do bioma Amazônia, onde o percentual de proteção é de 80%, e sim do Cerrado, cujo valor cai para 35%. Fechou-se assim em 20 milhões de hectares.
Para as fazendas maiores de quatro módulos, a área de Reserva Legal começa a ser computada descontando-se os 400 hectares. Se considerarmos que temos 122 mil fazendas nestas condições – de novo, números da CNA - a matemática nos leva a mais 48,8 milhões de hectares que deixam de ser preservados. Mais uma vez sendo conservador, o cálculo supôs que todas estas propriedades estão no bioma Cerrado e lá se vão outros 17 milhões de hectares de floresta.
“Se levarmos em consideração que todo o Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia e Roraima e partes do Tocantins e Maranhão são regiões de bioma Amazônia, que deveriam ter 80% de Reserva Legal preservadas, o número real é muito maior”, diz Paulo Adário, coordenador da Campanha de Amazônia.
Somados os valores acima, chega-se a 85 milhões de hectares de áreas protegidas perdidas. “Isto, multiplicado por 366 toneladas de CO2 por hectare, número também conservador do governo para a quantidade de carbono por área de floresta, estaremos emitindo 31,5 bilhões de toneladas de CO2, ou sete vezes mais do que a meta de redução do governo brasileiro para 2020”, conclui Paulo Adário.
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