Reflexão Episcopal
Brasileiros de todos os credos (e os sem credo) vivenciam a cada quatro anos um período de simbólico e afetivo patriotismo, com a realização da Copa do Mundo de Futebol patrocinada pela FIFA. A esse período o inesquecível Nelson Rodrigues denominava de “A Pátria de Chuteiras”. Melhor assim, em uma atmosfera lúdica, do que um patriotismo alimentado por permanentes guerras, como acontece em outras plagas. “Mens sana in corpore sano” (mente sadia em corpo sadio) já advogavam os romanos.
Lamentavelmente o dualismo grego (herdado do bramanismo) arrebentou com a sanidade da Igreja com o dualismo entre uma bondade da alma a ser alimentada e uma maldade do corpo a ser maltratado, com a confusão entre “carne” e “corpo”. A Reforma tentou reverter essa distorção, conseguindo em alguns segmentos, piorando em outros.
No Brasil, os colégios evangélicos introduziram a escola mista, a educação física e os esportes do basquetebol e do voleibol, em uma época que a Igreja Romana prescrevia uma ascese de auto-flagelação, e era chique para os intelectuais portarem as olheiras da tuberculose, morrendo muito cedo. Sofremos, depois, uma mistura de puritanismo distorcido e absorção do catolicismo de romaria dentro do movimento pentecostal, sem saber o que fazer com o corpo e o prazer.
Dou graças a Deus pelos Adventistas com sua lembrança do valor dos esportes, da boa alimentação e da qualidade de vida, de uma santidade que inclui o bom cuidado do corpo.
Estou esses dias nos Estados Unidos, dos “Amish” de charrete e dos ecos do hedonismo de Woodstock, com suas multidões de obesos e de magérrimos, ambos mal vestidos, também às voltas com o corpo e o prazer.
Afirmamos, como evangélicos latinoamericanos a Igreja como uma comunidade terapêutica. Por isso estou grudado na televisão por aqui, e desejoso de voltar ao Brasil o mais cedo possível, para ter tempo de ainda torcer por nossa seleção, como vivência da pátria terrena, em um nordeste que revive sua identidade no ciclo junino. No fundo, gostaria de termos bons estádios de futebol na Nova Jerusalém, com uma boa Copa Celestial, com tantos jogadores e treinadores salvos ao longo dos séculos.
Pode ser apenas um sonho de um “céu à brasileira”, mas que seria bem mais animado seria. Torçamos e Oremos!
Miami (Fla), 17 de junho de 2010,
Anno Domini.
+Dom Robinson Cavalcanti, ose
Bispo Diocesano
Diocese do Recife - Comunhão Anglicana
Brasileiros de todos os credos (e os sem credo) vivenciam a cada quatro anos um período de simbólico e afetivo patriotismo, com a realização da Copa do Mundo de Futebol patrocinada pela FIFA. A esse período o inesquecível Nelson Rodrigues denominava de “A Pátria de Chuteiras”. Melhor assim, em uma atmosfera lúdica, do que um patriotismo alimentado por permanentes guerras, como acontece em outras plagas. “Mens sana in corpore sano” (mente sadia em corpo sadio) já advogavam os romanos.
Lamentavelmente o dualismo grego (herdado do bramanismo) arrebentou com a sanidade da Igreja com o dualismo entre uma bondade da alma a ser alimentada e uma maldade do corpo a ser maltratado, com a confusão entre “carne” e “corpo”. A Reforma tentou reverter essa distorção, conseguindo em alguns segmentos, piorando em outros.
No Brasil, os colégios evangélicos introduziram a escola mista, a educação física e os esportes do basquetebol e do voleibol, em uma época que a Igreja Romana prescrevia uma ascese de auto-flagelação, e era chique para os intelectuais portarem as olheiras da tuberculose, morrendo muito cedo. Sofremos, depois, uma mistura de puritanismo distorcido e absorção do catolicismo de romaria dentro do movimento pentecostal, sem saber o que fazer com o corpo e o prazer.
Dou graças a Deus pelos Adventistas com sua lembrança do valor dos esportes, da boa alimentação e da qualidade de vida, de uma santidade que inclui o bom cuidado do corpo.
Estou esses dias nos Estados Unidos, dos “Amish” de charrete e dos ecos do hedonismo de Woodstock, com suas multidões de obesos e de magérrimos, ambos mal vestidos, também às voltas com o corpo e o prazer.
Afirmamos, como evangélicos latinoamericanos a Igreja como uma comunidade terapêutica. Por isso estou grudado na televisão por aqui, e desejoso de voltar ao Brasil o mais cedo possível, para ter tempo de ainda torcer por nossa seleção, como vivência da pátria terrena, em um nordeste que revive sua identidade no ciclo junino. No fundo, gostaria de termos bons estádios de futebol na Nova Jerusalém, com uma boa Copa Celestial, com tantos jogadores e treinadores salvos ao longo dos séculos.
Pode ser apenas um sonho de um “céu à brasileira”, mas que seria bem mais animado seria. Torçamos e Oremos!
Miami (Fla), 17 de junho de 2010,
Anno Domini.
+Dom Robinson Cavalcanti, ose
Bispo Diocesano
Diocese do Recife - Comunhão Anglicana
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