Toda vez que corta uma árvores, abre uma rua, faz uma lavoura ou constrói seus empreendimentos – por mais úteis que sejam - o homem causa danos à Natureza. O mais comum é fazer a areia descer das encostas para dentro dos rios e do mar, sujar a água e provocar enchentes. Por isso é que nas últimas décadas se buscam indispensáveis técnicas compensatórias e reparadoras dos desequilíbrios ambientais. Cada dia mais, o ser humano é advertido das necessidades preservacionistas, hoje consideradas essenciais para a manutenção da própria vida. Foi-se o tempo em que o homem, por falta de informação, devastava impunemente a mata, usava a terra até ela perder a fertilidade e, em seguida, mudava de local para nova derrubada. Época em que era normal as cidades jogarem dentro dos rios os seus rejeitos sem tratamento. A poluição do ar era considerada “preço do progresso”. Isso tudo, felizmente, e apesar de ainda haverem transgressores, já é passado. Cada dia mais, as comunidades são mobilizadas pela preservação. Nos países desenvolvidos, é comum o trabalho permanente de proteção contra as enchentes, os deslizamentos e todos os problemas ambientais. Equipes atuam todos os dias do ano na retirada da areia que a chuva leva para dentro da rede de águas pluviais e dos rios. O controle de enchentes é tão especializado, e os técnicos garantem que, em determinados lugares antes inundáveis, não haverá outro acidente do gênero pelos próximos 20, 30 ou 40 anos. É a ação preventiva.As maioria das tragédias que o Brasil assiste não deveriam mais acontecer. A capacidade de nossa engenharia, que constrói grandes obras em todo o mundo, a especialização de nossos técnicos e, mais recentemente, a posição de nossa economia, são incompatíveis com os desastres naturais que já se tornaram crônicos. Em vez de levar a população a consternar-se com o sofrimento das vítimas e promover campanhas de ajuda, a sociedade e as autoridades têm o dever de adotar providências para que, pelo menos, o problema não se repita no mesmo local. É infame, incompetente e desumana
a constatação de que famílias sofrem inundações todos os anos, no mesmo local. Que pessoas continuam morrendo em deslizamentos nas mesmas encostas, e outras repetições trágicas. Não basta a defesa civil e o socorro fugaz e paliativo. Estamos nos aproximando de um importante ano eleitoral, onde o Brasil escolherá o novo presidente, governadores, senadores e deputados. Espera-se que os candidatos e, principalmente os que forem eleitos, assumam um compromisso firme com o povo, de tratar com seriedade e continuidade, a solução de enchentes, deslizamentos e outros “castigos” que a Natureza impõe aos mais fracos e vulneráveis por conta das agressões cometidas, na maioria das vezes, pelo desenvolvimento. O ideal é evitar os fenômenos que acabam provocando mortes, prejuízos e sofrimento ao povo. Mas quando isso não é possível, há que, pelo menos, remover as pessoas para locais previamente escolhidos, que sejam seguros e sustentáveis. Catástrofe repetida, no mesmo lugar, é sinônimo de atraso e burrice. Um inaceitável desgoverno...