Eles aparecem quando e onde menos se espera. Dão aquele susto, deixam preocupação e dor. Os escorpiões representam a principal ocorrência no Centro de Assistência Toxicológica do Hospital da Restauração (Ceatox/HR) e, nos casos mais graves, podem provocar a morte.
No bairro de Campo Grande, Maria Eduarda é a única entre três irmãos que ainda não foi picada por escorpião. Foto: Helder Tavares/DP/D.A PressEntre agosto de 2007 e julho deste ano, 2.273 acidentes com escorpião provenientes de 42 cidades foram registrados no Ceatox. Entretanto, um levantamento realizado pelo setor descobriu que 70% dos casos que chegam à unidade, que é referência em intoxicação, podem ser atendidos em clínicas ou postos de saúde. Uma movimentação que reduziria a espera no HR, garantindo maior agilidade ao atendimento de vítimas graves.O mapeamento foi divulgado ontem, durante a II Mostra de Saúde SUS Recife, que está sendo realizada até amanhã no campus da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). De acordo com a chefe do Ceatox, Lucineide Porto, a intenção é oferecer os dados aos municípios e permitir que as prefeituras atuem no combate. "Pode ser no trabalho de limpeza urbana, já que os escorpiões se proliferam em entulhos e lixo, ou na capacitação das equipes de postos de saúde", destacou. Entre os casos registrados no centro de assistência, os pacientes do Recife e de Olinda são os mais presentes com, respectivamente, 58% e 14,5%. O público mais atingido são as mulheres, com 60%. A médica acredita que seja por causa das atividades de casa, como mexer em armários. A especialista destacou a característica "democrática" do escorpião que pode surgir em um andar alto de um edifício (levado pelas tubulações de esgoto) ou em uma rua sem saneamento de uma comunidade carente. Segundo o levantamento, as picadas foram registradas em todos os distritos sanitários do Recife, somando 109 bairros. Entre as localidades de maior incidência estão os Aflitos, Graças, Nova Descoberta, Campo Grande, Encruzilhada, Dois Unidos, Boa Viagem, Pina e Brasília Teimosa. Moradora de Campo Grande, Iracema Araújo vive assustada. Dos três filhos, apenas Maria Eduarda, 4 anos, escapou até agora. "Já teve dia dela estar brincando no terraço e eu correr para tirar porque o escorpião estava vindo. E daqueles grandes", contou. A última vítima da família foi o filho mais velho de Iracema, Eduardo Araújo, 18, que deixou o Ceatox na madrugada de ontem. Ele assistia TV quando o escorpião atacou. "Corremos pro HR. Mas não foi nada grave, só ficou com a perna dormente", disse Iracema. As picadas costumam ser mais graves em crianças pequenas e idosos, podendo evoluir para vômitos, febres e alterações na pressão cardíaca. Nesses casos, as vítimas devem ser encaminhadas ao Ceatox. "Em adultos, o tratamento costuma ser a limpeza com água e sabão e o analgésico. Em caso de dor mais forte, pode ter um anestésico local informou Lucineide. O Ceatox também presta esclarecimentos pelo 0800.7226001.